Economia
Lula volta a criticar Campos Neto e adia anúncio do novo arcabouço fiscal
A justificativa é de que seria ‘estranho’ o ministro Fernando Haddad anunciar o novo modelo de política fiscal e sair do País para viagem oficial à China
O presidente Lula (PT) informou nesta terça-feira 21 que o anúncio do novo arcabouço fiscal, esperado para esta semana, será adiado em mais alguns dias. A justificativa é o fato de que o ministro da Fazenda. Fernando Haddad, responsável por desenvolver o novo modelo de política fiscal, participará da comitiva presidencial que vai para a China no próximo sábado 25.
“Eu falei para o Haddad que não temos porque indicar o nosso modelo de marco fiscal agora. Nós vamos viajar para China, então [falei] ‘quando a gente voltar, Haddad, você reúne e anuncia’”, informou Lula em entrevista ao site Brasil 247.
“Não pode ser antes da viagem porque nós embarcamos no sábado. O Haddad não pode comunicar e sair. Seria estranho anunciar e ir embora. O Haddad tem que anunciar e ficar aqui para debater, responder, dar entrevistas, conversar com o sistema financeiro, com a Câmara, com o Senado e com empresários”, justificou o presidente. “Não dá para avisar e ir embora”, repetiu.
Ainda na conversa, o presidente disse que irá aproveitar sua curta passagem pela China para acertar os últimos detalhes do projeto com o ministro da Fazenda. “Vou ficar 24 horas sentado do lado do Haddad, então vamos ficar conversando”, disse antes de afirmar que o projeto “já está maduro”.
Críticas ao BC
Pouco antes, na mesma entrevista, Lula aproveitou para reiterar as críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele acusou o executivo de não respeitar a lei que concedeu autonomia ao banco.
“Acho que o presidente do Banco Central não tem compromisso com a lei de autonomia do Banco Central. A lei diz que é preciso cuidar da responsabilidade monetária, mas é preciso cuidar da inflação e do crescimento do emprego. Coisa que ele não se importa”, afirmou o presidente.
Lula disse que seguirá cobrando a redução da taxa básica de juros. “Obviamente que o presidente não pode ficar brigando, porque tenho outras coisas para fazer. Mas é irresponsabilidade o BC manter a taxa em 13,75%”, afirmou. “Só quem gosta disso é o sistema financeiro que deu 98% de apoio na pesquisa deles. Poderia dar 100%, quem sabe se aumentar [a Selic] para 14% tenha 100%”, ironizou em seguida.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), responsável pela definição da taxa de juros, deve se reunir nesta terça-feira. Há uma expectativa de que ocorra o anúncio da redução da taxa, algo que não aconteceu no primeiro encontro do grupo no governo Lula. A decisão será comunicada na quarta-feira.
Sobre a expectativa pela redução, Lula disse acreditar ser possível, já que, neste momento, todos os debates sérios indicam a possibilidade. Ele afirma ainda que não vê crise de demanda o que justificaria ainda a manutenção da Selic em 13,75%.
“As pessoas sérias, que trabalham e os empresários sérios que investem sabem que não está correto. Ninguém pode tomar empréstimo a 13,75% com juros real de 8%, se descontar a inflação. Isso não existe”, vociferou contra a Selic.
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