Economia

IPCA-15 registra a maior deflação desde o início da série em 1991, aponta IBGE

Indicador recua 0,73% em agosto. Mas preços dos alimentos, planos de saúde e itens de higiene pessoal continuam subindo

Apesar da queda recorde do IPCA-15 em agosto, os preços dos alimentos e itens de cuidados pessoais continuaram subindo e pressionando o bolso do brasileiro. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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Influenciada pela queda nos preços da gasolina e etanol, a prévia do índice de preços no país registrou deflação de 0,73% no mês de agosto, no comparativo com o mês anterior. Foi a menor taxa registrada desde o início da série histórica, iniciada em novembro de 1991. Apesar da queda recorde, os preços dos alimentos, planos de saúde e itens de cuidados pessoais continuaram subindo e pressionando o bolso do brasileiro.

Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), do IBGE, e foram divulgados nesta quarta-feira. A deflação acontece quando a cesta de produtos analisada pelo IBGE registra um preço menor em um mês, em relação ao mês anterior.

O recuo no índice reflete tanto os impactos da redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre energia elétrica e combustíveis, quanto a diminuição dos preços da gasolina e do diesel praticados pela Petrobras, que seguem a baixa da cotação do petróleo. Esses movimentos resultaram em queda na conta de luz e também dos combustíveis na bomba.

Preço da gasolina cai 16,80% em um mês

Três dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram queda. O grupo Transportes teve a maior queda no mês sob influência dos preços dos combustíveis, que caíram 15,33% em função da redução da gasolina. O combustível teve seu preço reduzido por três vezes consecutivas nas refinarias, contribuindo para uma queda de 16,80% do preço da gasolina ao consumidor. O etanol também apresentou redução (-10,87%), assim como o gás veicular (-5,40%) e o óleo diesel (-0,56%).

Os preços das passagens aéreas também deram certo alívio: caíram 12,22%, após subirem quatro meses consecutivos. Por outro lado, os preços veículos próprios continuaram subindo, assim como os preços da motocicleta, automóvel novo e automóvel usado.

O grupo Habitação, que inclui a energia elétrica residencial, caiu 0,37% por conta da redução em vários estados da alíquota de ICMS cobrada sobre esse serviço. A aprovação das revisões tarifárias extraordinárias pela Aneel a partir do dia 13 de julho também contribuiu para uma queda no preço da energia.

O grupo Comunicação também registrou queda em agosto. O destaque ficou com os planos de telefonia fixa e de telefonia móvel, cujos preços caíram 2,29% e 1,04%, respectivamente. Mas os preços dos aparelhos subiram: houve alta de 0,57%, após queda de 0,52% em julho.

Preço do leite sobe 79,79% no ano

Em contraponto às quedas, os demais grupos investigados pelo IPCA-15 continuaram registrando avanços.

O grupo Alimentação e bebidas subiu 1,12%, influenciado pelo aumento do leite longa vida, que avançou 14,21% em agosto e acumula alta de 79,79% no ano. Também continuaram subindo este mês as frutas (2,99%), o queijo (4,18%) e o frango em pedaços (3,08%).

A boa notícia é que o leite longa vida começa a acenar um alívio para o bolso do consumidor. Além de uma desaceleração em relação à alta registrada no IPCA-15 de julho, os preços no atacado estão em queda. A proximidade da primavera, que marca o fim do período de entressafra, aponta para o fim do ciclo de alta na cadeia do leite.

Mas o aumento dos preços continua a ser sentido tanto na alimentação no domicílio quando fora de casa. Os preços do lanche e da refeição desaceleraram em relação ao mês de julho, mas ainda seguem no campo positivo.

Os preços dos planos de saúde – impactados pelo reajuste de 15,5% autorizado pela ANS para os planos novos – também subiram em agosto e seguem pesando no bolso do brasileiro. Os valores dos itens de higiene pessoal também pressionam: aceleraram de 0,67% em julho para 1,03% em agosto, contribuindo para uma alta de 0,81% no grupo de Saúde e cuidados pessoais no mês.

Os preços no setor da Educação também pressionam o orçamento das famílias. Os cursos regulares subiram 0,52% em agosto principalmente por conta do aumento dos preços nas creches (1,47%), ensino fundamental (0,71%) e ensino superior (0,44%). Os cursos diversos registraram alta de 1,18%, puxado pelo aumento dos cursos de idiomas e cursos preparatórios.

Deflação por dois ou três meses

Na última terça-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que espera “dois ou três meses” de deflação neste ano, principalmente por conta de medidas como a redução de impostos e o teto do ICMS sobre combustíveis e energia. Isso significa que o país poderá ter redução dos preços até as vésperas das eleições. Campos Neto também prevê inflação abaixo de 6,5% neste ano.

A inflação era um dos principais obstáculos identificados pela equipe que trabalha na reeleição do presidente Jair Bolsonaro, levando o presidente a lançar mão de mecanismo para conter o avanço dos preços.

Inflação menor em 2022

O corte do ICMS, juntamente com a redução dos preços da gasolina, tem levado analistas a reduzirem as expectativas de inflação para este ano. O Boletim Focus do Banco Central, que reúne as projeções de mais de cem instituições do mercado para os principais indicadores , aponta que o mercado financeiro reduziu pela oitava semana seguida sua projeção para a inflação deste ano.

Os economistas agora projetam que o IPCA termine o ano abaixo de 7%: 6,82% contra 7,01% do boletim da semana passada.

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