Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Com história de vida difícil, Laila dos Santos prega leitura para mudar a realidade

Ela escreveu um livro em que conta a convivência com a pobreza até o mestrado na Itália

Foto: Arquivo pessoal
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O Casulo (Editora Ubaldo), lançado este ano, é uma biografia de Laila dos Santos. Nascida e criada entre as comunidades de Niterói e São Gonçalo, no Grande Rio, o pai e a mãe sofriam com o alcoolismo.

Uma das casas que morou era feita de pau a pique, com o banheiro do lado de fora. Água retirada do poço e cobras no quintal foram outras dificuldades que deparou nos primeiros anos de vida.

Goteiras em casa e as enchentes frequentes na porta de casa foram também tormentos de uma família numerosa. Mas o amor pelos livros de grandes autores, de Machado de Assis a Cecília Meireles, abriram as portas ou, como ela referencia no livro, tornou possível sair do casulo, ganhar asas, ainda que muitos percalços tenham sido enfrentados para sair do apertado envoltório e para manter-se livre.

A primeira parte do livro de Laila dos Santos é bem mais instigante e inspirador do que o segundo, quando se mudou para Itália, com ajuda de uma amiga, onde se casou, teve três filhos e fez mestrado em Comunicação de Massa na Sapienza Univérsità di Roma.

Laila teve vários trabalhos na juventude. Uma das experiências foi para empresas de taxis na Rodoviária Novo Rio. Lá, conheceu de perto a realidade de migrantes que chegavam sem endereço certo e já exposto aos chamados “bandalhas”, comuns até bem pouco tempo no Rio. São taxis de cor amarela como os comuns, mas de funcionamento ilegal, que costumam fazer voltas para chegar ao destino.

Ela entrou na faculdade de jornalismo que conciliou com dois estágios. Quando formada, ainda conseguiu prestar serviço ao Sistema Globo de Rádio.

Depois de 15 anos na Itália, voltou ao Brasil, onde abriu um restaurante em Lumiar. Acabou retornando a Niterói para fazer delivery de comida italiana em meio à pandemia.

Laila dos Santos idealizou o projeto 30 minutos antes de dormir. Fazendo palestras gratuitas sobre sua história de vida nas escolas da rede pública de ensino, comunidades e universidades, prega a importância do contato com os livros.

“Ter amor pelos livros pode acontecer em qualquer idade. Ler 30 minutos antes de dormir ajuda nossas crianças e jovens no desenvolvimento intelectual, dando a eles referências de que existe um mundo a ser explorado além da realidade que eles vivem”, conta. “Foi através dos livros que descobri um mundo que até então para mim era inexistente”.

Segundo ela, a maior satisfação é ouvir dos jovens, no final da palestra, que, por meio da sua narrativa pessoal, sentem-se motivados a continuar os estudos.

“Isso não tem preço. É gratificante. A vida só tem sentido quando você divide o que recebe e ensina o que aprende”, diz. “Leve seu filho, neto ou sobrinho a visitar uma livraria ou biblioteca. Incentive nossas crianças a lerem 30 minutos antes de dormir. No início encontrarão, provavelmente, resistência, mas depois de pouco tempo, eles vão procurar sozinhos os seus próprios livros. Vamos plantar hoje para colher amanhã”.

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