Política
Lula na COP-27: Como a imprensa e lideranças internacionais receberam o discurso do ex-presidente
O presidente eleito defendeu um novo modelo de governança global, com maior participação de países pobres
Uma hora e meia antes do discurso do presidente eleito, Lula (PT), o pequeno pavilhão da Conferência do Clima da ONU, a COP-27, sediado no Egito, já estava lotado de jornalistas e representantes internacionais que aguardavam para acompanhar sua apresentação.
No vídeo que captura a entrada de Lula, é possível ouvir o coro com o nome do petista. O jornal The New York Times definiu como “eletrizante” este momento dele com a comunidade internacional durante a conferência. “O entusiasmo era palpável aqui”, afirmaram.
A ministra alemã do Desenvolvimento, Svenja Schulze, que aguardava com expectativa o discurso de Lula, ressaltou em entrevista à agência DW, a importância do retorno das relações diplomáticas com o Brasil.
“Agora, a ligação com o país volta a se fortalecer. Lula se mostra empenhado em fazer muito para reduzir a pobreza, cuidar das pessoas, combater a crise do clima protegendo a floresta e os povos indígenas”, detalha a ministra alemã.
Isto porque durante a gestão Bolsonaro as relações ambientais entre Brasil e Alemanha foram paralisadas. “Nós tentamos, mas foi praticamente impossível trabalhar em parceria com o governo Bolsonaro, nada foi para frente”, destacou Schulze.
Na América Latina, os presidentes da Colômbia e Venezuela, Gustavo Petro e Nicolás Maduro, reforçaram em suas apresentações a necessidade de uma ambiciosa aliança para a proteção da Amazônia.
“Estamos determinados a revitalizar a selva amazônica” para dar uma importante vitória à humanidade na luta contra a mudança climática”, declarou Petro.
“Se nós, sul-americanos, temos alguma responsabilidade, é parar a destruição da Amazônia e iniciar um processo de recuperação coordenado, eficiente, consciente”, afirmou Maduro.
O presidente eleito disse respondeu ao chamado dos países vizinhos e disse que assim que tomar posse, em 1º de janeiro de 2023, irá propor a realização da Cúpula dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazônica, para que Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela possam “pela primeira vez discutir soberanamente” o desenvolvimento da região.
O presidente colombiano ainda comemorou a sugestão de Lula para o Brasil ser a sede da próxima conferência. “Acho que é uma excelente ideia. COP30 na Amazônia”, escreveu”
Me parece una excelente idea. La COP30 en la amazonía. https://t.co/jZIQSUmkzz
— Gustavo Petro (@petrogustavo) November 16, 2022
O representante da sociedade civil da Costa Rica também considerou positiva a participação do presidente eleito brasileiro. Para Adrián Martínez, diretor da organização Ruta al Clima, a América Latina vem para tentar não ficar invisível na COP, que, segundo ele, é dominada por outros países. “Poucos países apareciam nessa escuridão, principalmente Brasil e Colômbia”, afirmou.
Às vésperas da conferência, na última terça-feira, Lula se encontrou com o enviado do clima dos Estados Unidos, John Kerry, e com o principal negociador climático da China, Xie Zhenhua. O saldo da reunião também foi positivo.
“Me senti encorajado pela forma como ele falou, para enfrentar o problema de uma vez por todas, para preservar a Amazônia”, disse John Kerry.
“Trabalharemos diligentemente para atingir esse objetivo junto com nossos aliados, Noruega, Alemanha e outros países que estão profundamente comprometidos com isso há muito tempo”, acrescentou.
Para o jornal Washington Post, a presença de Lula “deu peso simbólico e prático às discussões para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar os impactos das mudanças climáticas”.
Ainda nesta quarta-feira 16, ele deve se encontrar com o chefe de política climática da UE, Frans Timmermans.
Já na quinta-feira 17, Lula se reunirá com a sociedade civil e grupos indígenas, além do secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres. Em seguida parte para Portugal para se encontrar com autoridades do governo.
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