Política

GSI, órgão da Presidência, prepara política de defesa cibernética

Ideia, já levada a Lula, seria o embrião de uma agência nacional de segurança cibernética

O ministro do GSI, Gonçalves Dias, e o presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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O risco de sofrer um ataque um ataque cibernético é hoje uma das maiores ameaças, se não a maior, ao Brasil, na avaliação do Gabinete de Segurança Institucional, órgão da Presidência. É por isso que o chamado GSI elabora uma Política Nacional de Defesa Cibernética, embrião de uma futura Agência Nacional de Segurança Cibernética como a existente nos Estados Unidos.

Essa “política nacional” definiria os objetivos de segurança cibernética do País e, posteriormente, haveria uma “estratégia nacional” que estabeleceria “como” os objetivos seriam alcançados (ou seja, quais seriam os instrumentos e os atores envolvidos).

O plano já foi levado ao conhecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo ministro-chefe do GSI, Marco Edson Gonçalves Dias. E recebeu o sinal verde presidencial para ser submetido a outras áreas do governo, para que elas opinem e deem sugestões. Caso vingue como iniciativa governamental, essa política nacional seria proposta como lei, a ser aprovada no Congresso.

“Imagine se para uma turbina (da hidrelétrica) de Itaipu? Ou se para o linhão norte-sul (que integra geradores de energia do Norte e Nordeste com consumidores do centro-sul)? Ou se o sistema bancário for atacado? Qual não seria o prejuízo para a economia? Ou se o sistema do Bolsa Família fosse atacado para inserir ou excluir 10 milhões de pessoas, qual não seria o prejuízo para o governo? Hoje existem países com capacidade de fazer esse tipo de ataque”, diz Gonçalves Dias.

A ideia de uma Agência Nacional de Segurança Cibernética foi levantada pelo Exército em 2013, no embalo das revelações de que a então presidente Dilma Rousseff e a Petrobras haviam sido espionadas pela NSA, a agência americana de bisbilhotagem. Foi defendida na época pelo general então à frente do Comando de Defesa Cibernética do Exército, José Carlos dos Santos.

Gonçalves Dias também é general. Mas não acredita que uma eventual agência tenha necessariamente de ficar sob a guarda de alguma área das Forças Armadas ou mesmo do GSI. Poderia estar em outra estrutura do governo. Nos EUA, diz ele, há um modelo híbrido, com civis e militares na Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura (Cisa, na sigla em inglês).

O Brasil, prossegue o ministro, carece de 500 mil pessoas especializadas em tecnologia da informação, uma vulnerabilidade grande. Um setor particularmente exposto é o bancário. Gonçalves Dias conversou com representantes da Febraban, a federação dos bancos, sobre a ideia de uma política de defesa cibernética. O apoio deles pode ser útil na aprovação de uma futura lei.

Várias pesquisas diferentes colocam o Brasil como um dos países onde há mais ataque hacker. Um dos principais ataques ocorridos por aqui no ano passado se deu justamente contra um banco, o BRB, controlado pelo governo do Distrito Federal. Os invasores conseguiram “sequestrar” certos dados da clientela e queriam 5 milhões de reais para não divulgá-los.

A proliferação desse tipo de crime levou a Polícia Federal a criar, no início do governo Lula, uma Diretoria de Combate a Crimes Cibernéticos.

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