Política

Os planos da campanha de Lula para a semana do 2º turno

O QG petista celebra tropeços do adversário Jair Bolsonaro em declaração de Paulo Guedes e escândalo com Roberto Jefferson

O ex-presidente Lula. Foto: Miguel Schincariol/AFP
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O ex-presidente Lula (PT) deve dedicar a sua última semana de campanha a eventos virtuais e à preparação para o debate na TV Globo na sexta-feira 28, sem grandes atos públicos, nem viagens fora do Sudeste.

A expectativa é de que ele permaneça em São Paulo para entrevistas a rádios e um comício na internet. A quinta e a sexta devem servir de preparação para o debate, a ser realizado no Rio de Janeiro.

Para integrantes da campanha, já foram realizados todos os eventos de rua que Lula tinha como tarefa neste segundo turno. Os grandes quadros que o apoiam pretendem percorrer os estados com atos públicos, como Simone Tebet (MDB), que deve focar nos locais onde obteve mais votos em 2 de outubro.

Na noite desta segunda-feira 24, Lula esteve em um ato no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, espaço conhecido como Tuca e que tradicionalmente recebe atos dos petistas em eleições presidenciais.

Os principais convidados vestiam roupas brancas, como um reflexo do apelo de Tebet para evitar a cor vermelha. O evento teve a participação de políticos de diferentes forças, intelectuais, artistas e estudantes.

Alguns dos nomes presentes foram Henrique Meirelles, ex-ministro de Michel Temer; Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo; Persio Arida, um dos idealizadores do Plano Real; e Neca Setúbal, ligada ao Itaú.

O ato contou com a presença do PDT, mas ainda não está no horizonte um apoio mais enfático de Ciro Gomes. A avaliação é de que Ciro não deve ser cobrado por um gesto além do que demonstrou na semana posterior ao primeiro turno, quando divulgou um vídeo afirmando que acompanharia a decisão do partido de apoiar Lula, sem citar o nome do petista.

Integrantes da campanha comemoram os últimos acontecimentos com potencial de prejudicar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os destaques são a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, a indicar a possibilidade de alterações na política de aumento do salário mínimo e o escândalo do tiroteio com Roberto Jefferson (PTB).

A polêmica sinalização de Guedes permitiu que o debate eleitoral voltasse a ter a pauta econômica como protagonista. Na semana passada, Lula promoveu agendas com religiosos e lançou uma carta aos evangélicos, mesmo depois de dizer seguidas vezes que não divulgaria o documento. Na área econômica da campanha petista, houve frustração com a imposição da pauta religiosa.

Já a troca de tiros de Roberto Jefferson com a Polícia Federal teria deixado Bolsonaro sem uma postura coerente diante da opinião pública, uma vez que o ex-deputado é seu aliado de primeira hora, mas os policiais representam um bloco expressivo de apoio ao ex-capitão.

Para um aliado de Lula, há quatro eixos nos quais a campanha deve focar nesta semana.

Os principais seriam pautar a questão econômica, ressaltando os números da fome, e o incentivo para que as pessoas votem e, assim, evitem altos índices de abstenção. De forma lateral, o petista deve abordar os confrontos de Bolsonaro com as instituições democráticas e a má gestão da pandemia.

Essas diretrizes devem orientar tanto as propagandas eleitorais, quanto a aparição de Lula no debate da Globo.

Preocupam, porém, as possíveis ações da campanha adversária que envolvam disparos de mensagens virtuais por aplicativos de celular, até mesmo os estrangeiros. A coordenação diz que vai discutir “todos os meios políticos e jurídicos” para rebater as investidas a tempo nesta semana.

A expectativa é de que o teor dessa ofensiva bolsonarista associe Lula a uma suposta oposição à existência das igrejas. Conforme mostrou CartaCapital, esta eleição não é a primeira em que o petista teve uma carta aos evangélicos: em 1989, a sua candidatura contra Fernando Collor fez um gesto semelhante.

Ao fim da semana, a campanha ainda pretende divulgar uma gravação em vídeo em que famosos cantam uma versão renovada do jingle Lula Lá, que ganhou o nome de Sem medo de ser feliz. No sábado, véspera da votação, Lula ainda deve realizar ato no centro de São Paulo.

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