Economia

Lula reforça críticas a Campos Neto e ao Copom por juros altos: ‘A história julgará cada um de nós’

O presidente voltou a acusar o comando do BC de ferir lei que deu autonomia à instituição

Foto: Evaristo Sá/AFP
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O presidente Lula (PT) reiterou nesta quinta-feira 23 suas críticas a Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Em discurso no Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, ele reafirmou a avaliação de que o comando da instituição está ferindo a lei que deu autonomia ao BC.

“Ele [Campos Neto] nem precisa conversar comigo, só tem que cumprir a lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central. Ele precisa cuidar da política monetária, mas precisa cuidar do emprego, da inflação e da renda do povo”, afirmou Lula. “É isso o que está na lei, basta ler. Todo mundo sabe que ele não está fazendo, porque se estivesse fazendo, eu não estava reclamando. Eu sou bobo de reclamar de uma coisa boa?”

O presidente, porém, não quis se aprofundar na análise do relatório do Comitê de Política Monetária divulgado na quarta-feira. No documento, o Copom deixou claro que não descarta aumentar a taxa Selic, fixada em 13,75%. A alegação é de que há incertezas sobre os cenários.

“Como presidente da República, eu não posso ficar discutindo cada relatório do Copom. Eles que paguem o preço pelo que estão fazendo. A história julgará cada um de nós”, disse Lula ao ser questionado sobre a publicação.

Na noite de quarta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como ‘muito preocupante’ o relatório do BC. Segundo o ministro, as próximas decisões do Copom podem, inclusive, “comprometer o resultado fiscal, porque daqui a pouco haverá problemas das empresas para vender e recolher impostos”.

Sobre uma possível demissão de Campos Neto, Lula também optou por não responder diretamente. Ele argumentou que quem deve decidir sobre a saída do presidente do banco é o Senado.

O caminho para a saída de Campos Neto do cargo existe, mas é complexo. Conforme mostrou CartaCapital nesta quinta, a lei que deu autonomia para o BC não impede a demissão. Um substituto, porém, não seria indicado pelo governo.

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