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Tenho convicção de que Bolsonaro e sua equipe organizaram os atos golpistas, diz Lula a jornal espanhol

Segundo o presidente, ex-capitão tentou promover um golpe de estado mesmo antes dos atos de vandalismo

Foto: Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Lula (PT), em entrevista ao jornal espanhol El País, afirmou categoricamente estar convencido de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua equipe foram os organizadores dos atos golpistas do dia 8 de Janeiro, em Brasília.

Na entrevista publicada nesta quinta-feira 27, o petista diz, ainda, não ter dúvidas sobre a tentativa de Bolsonaro tomar o poder mesmo antes dos atos de vandalismo promovidos por seus apoiadores.

Não tenho dúvidas de que ele tentou dar um golpe. Isso iria acontecer no primeiro dia da minha posse, mas como era muita gente, esperou uma semana”, disse Lula ao El País.

Temos a convicção de que tudo foi organizado por Bolsonaro e sua equipe. Ele foi indiciado por 34 acusações e mais serão apresentadas, especialmente em processos internacionais”, completou o presidente mais adiante.

Na conversa, Lula lamentou os atos de terrorismo naquela ocasião, mas disse ter certeza da punição aos envolvidos.

“Eu vi tudo pela televisão, eles assaltaram o Palácio do Planalto, houve descaso de quem estava fazendo a segurança e entraram no Congresso Nacional, no STF e no palácio. Agora tem gente na cadeia. Procuramos também quem financiou, quem pagou, por exemplo, os ônibus em que os golpistas vieram. O secretário de Segurança de Brasília está preso.”

Para além de Bolsonaro, Lula comentou também a expansão da extrema-direita global e tornou a classificar como ‘ridículo’ o protesto juvenil liderado pelo partido Chega, de Portugal, na celebração da Revolução dos Cravos no dia 25 de abril no Parlamento. Por lá, parlamentares extremistas levaram cartazes contra a presença de Lula, mas foram repreendidos pelos pares e pelo comando da Casa.

“Não é só no Brasil. Devemos salvar a democracia no mundo inteiro porque a extrema-direita também existe na Espanha, em Portugal, na França, na Alemanha. […] A Espanha sabe o que é autoritarismo. Em Portugal havia apenas oito pessoas fazendo barulho naquele dia. Não sei como essas pessoas se sentiriam ao conversar com os filhos se os vissem na TV nesse papel ridículo”, avaliou.

“O que às vezes vemos na extrema-direita é a barbárie, vimos isso com Hitler. Isso é fascismo e pode existir em qualquer país do mundo”, acrescentou mais adiante.

Na entrevista publicada pelo jornal, Lula voltou, também, a avaliar a situação da guerra entre Rússia e Ucrânia e fazer um apelo pela criação do clube da paz. Ele apontou ainda não saber a solução para o conflito, mas prega que os dois países façam concessões. A primeira delas, diz, seria a Rússia interromper a invasão e sentar à mesa para negociar.

“Temos que convencê-lo [a cessar-fogo], porque ele ainda não está convencido. É o dilema, porque muitas vezes a gente começa a guerra e não sabe como parar. Você tem que sentar e conversar”, afirmou o brasileiro.

Ele também elogiou o empenho da China em tentar o diálogo com os envolvidos, pediu mais empenho do Conselho de Segurança da ONU e confirmou o envio de Celso Amorim, seu assessor internacional, para uma conversa com Volodymyr Zelensky. O aliado já esteve na Rússia e foi recebido por Vladimir Putin.

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