Política

A favorita para comandar a embaixada do Brasil nos Estados Unidos

Ex-chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, Maria Luiza Viotti tinha sido cotada para comandar o Itamaraty

Foto: Nações Unidas (ONU)/Evan Schneider
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A diplomata de carreira e economista Maria Luiza Viotti, de 68 anos, é a favorita para comandar a embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Seria a primeira mulher a ocupar aquela que é, ao lado de Buenos Aires, a embaixada brasileira mais importante. O cargo está vago desde 6 de janeiro, em razão da demissão de Nestor Forster pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Maria Luiza foi chefe de gabinete do secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, no primeiro mandato dele, de 2017 a 2021. Depois, licenciou-se do Itamaraty. Voltou à ativa no fim do ano. Chegou a estar no páreo para ocupar o cargo de Mauro Vieira. O segundo posto na hierarquia do Itamaraty ficou de fato com uma mulher, a embaixadora Maria Laura da Rocha.

Antes de ir para a ONU, Maria Luiza tinha sido embaixadora na Alemanha (de 2013 a 2016) e chefe da delegação brasileira no Conselho de Segurança das Nações Unidas (2010 a 2012). Goza da simpatia do ex-chanceler Celso Amorim, atualmente assessor especial do presidente Lula (PT).

Forster foi degolado antes de completar os tradicionais três anos à frente de uma embaixada. Motivo: era bolsonarista demais em um posto estratégico para o governo. Seu sucessor será uma escolha conjunta de Mauro Vieira e de Lula.

Segundo fontes do Itamaraty, alguns pedidos de “agrément” já foram encaminhados nos últimos dias a governos. Agrément é uma espécie de “sinal verde” que uma nação solicita a outra para mandar um diplomata para lá.

É possível que o agrément dos EUA a Maria Luiza seja concedido até Lula viajar a Washington, no início de fevereiro, para visitar Joe Biden. O encontro entre os dois presidentes foi combinado por eles em um telefonema na última segunda-feira, 9 de janeiro. A conversa tinha tido como ponto de partida os atos golpistas ocorridos na véspera em Brasília.

Após a ligação, a Presidência brasileira divulgou um comunicado conjunto dos dois países. Biden, diz o texto, “transmitiu o apoio incondicional dos Estados Unidos à democracia do Brasil e à vontade do povo brasileiro, expressa nas últimas eleições do Brasil, vencidas pelo presidente Lula”. Além disso, prossegue a nota, o americano “condenou a violência e o ataque às instituições democráticas e à transferência pacífica do poder”.

Biden gostaria que Lula tivesse ido à Casa Branca no fim do ano passado, antes mesmo da posse como presidente. O convite havia sido feito por um emissário, Jake Sullivan, um dos conselheiros de Segurança Nacional da Casa Branca, durante um encontro com o petista em um hotel em Brasília.

Lula acredita que há um ponto em comum entre ele e o Biden: a oposição de extrema-direita. Lá, liderada por Donald Trump. Aqui, por Jair Bolsonaro, um fiel de Trump. Os recentes atos golpistas em Brasília repetiram o que os trumpistas haviam feito dois anos em Washington, durante a invasão do Congresso americano, lá chamado de Capitólio.

O comunicado da segunda-feira 9 diz que Lula e Biden querem trabalhar juntos em temas como “mudança do clima, desenvolvimento econômico, paz e segurança”. Segundo fontes diplomáticas, o brasileiro deve ir ainda neste início de ano à China também visitar o presidente Xi Jinping. Seria uma forma de manter a equidistância entre as duas super potências econômicas da atualidade.

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