Política

MST nega jornada de ocupações e critica reação ao Abril Vermelho: ‘Está todo mundo muito eufórico’

A organização lembrou que o mês marca a data de massacre em 1996 e reivindicou um plano nacional de reforma agrária

Coordenadores do MST dão coletiva de imprensa em Brasília. Foto: Reprodução
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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra anunciou nesta terça-feira 11 uma série de mobilizações em defesa da reforma agrária que devem ser realizadas neste mês, mas negou que esteja em curso uma jornada de ocupações de terras. A declaração é do coordenador nacional João Paulo Rodrigues.

Durante coletiva de imprensa em Brasília, Rodrigues afirmou que, em geral, uma jornada de ocupações do MST envolve pelo menos 60 propriedades, o que não estaria ocorrendo. Segundo ele, o movimento realizou somente 16 ocupações neste ano, na Bahia, em Pernambuco e em Goiás.

Além disso, ele argumentou que uma jornada de ocupações demandaria a mobilização dos 600 acampamentos da organização, o que também não estaria acontecendo.

“Não há nenhuma jornada de ocupação de terra”, afirmou. “O que vai acontecer é alguma ocupação de terra para denunciar latifúndios improdutivos, e tem centenas neste País.”

Rodrigues declarou que o MST também planeja fazer denúncias de trabalho escravo em determinadas áreas. Além disso, há a pretensão de realizar atividades em frente à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o Incra, mas, segundo o coordenador do movimento, não há nenhuma ordem de ocupação do prédio.

O dirigente criticou a demora na nomeação dos superintendentes do Incra em dez estados e afirmou que a consequência disso é a permanência de bolsonaristas nesses postos, como ocorre em Alagoas, segundo ele.

O MST pede a exoneração de César Lira do comando da seção alagoana do Incra. Ele é primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e está no cargo desde o governo de Michel Temer (MDB).

A reivindicação do MST motivou a ocupação do prédio do Incra no estado, na segunda-feira 10.

Rodrigues também afirmou que a mobilização terá o objetivo de repudiar a política de juros do Banco Central. Sob a direção de Roberto Campos Neto, a instituição mantém a taxa Selic em 13,75% desde o ano passado.

Além disso, a organização reclama do atraso no assentamento de famílias acampadas desde o governo Dilma Rousseff (PT). Segundo o MST,  pelo menos 60 mil famílias estão “debaixo da lona”.

O coordenador disse que “não é nenhuma novidade” que o MST use o período de abril para realizar ações pela reforma agrária, uma vez que o mês marca o Massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido em 1996.

17 de abril, data do crime naquele ano, foi institucionalizado como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, conforme decisão do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

“Está todo mundo muito eufórico na imprensa, em setores do governo e mesmo no agronegócio sobre as ações do MST. É óbvio que abril é o nosso mês de fazer mobilização. Imaginei que já tinham se acostumado”, afirmou.

O MST reivindica que o governo anuncie neste ano um plano nacional de reforma agrária a definir quantas famílias serão assentadas neste mandato e qual será a política de liberação de crédito.

A organização disse requerer, ainda, uma rodada de negociações com representantes de ministérios, a fim de retomar programas nas áreas alimentar, ambiental e cultural.

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