Política

Denúncias de assédio eleitoral mais que dobram em uma semana

Levantamento do MPT mostra que Brasil já acumula 447 relatos de coação por parte de empregadores para que funcionários votem em seus candidatos. Procurador-geral do MPT vê ‘banalização’ de crimes

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O número de denúncias de assédio eleitoral feitas ao Ministério Público do Trabalho (MPT) subiu 126% em uma semana, passando de 197 registros na quarta-feira passada para 447 nesta terça. O assédio eleitoral ocorre quando um empregador coage seus funcionários a votarem em determinado candidato.

A quantidade de denúncias de assédio eleitoral nesta eleição, até o momento, é 110% maior do que a registrada em todo pleito de 2018, quando o MPT recebeu 212 denúncias. Na época, 98 empresas foram denunciadas.

Desde o início da campanha eleitoral tem surgido relatos acerca da prática, mas as denúncias se intensificaram após o primeiro turno das eleições. A Região Sul concentra o maior número de casos, com 171 denúncias. Em seguida, está a região Sudeste, com 136 relatos; o Nordeste, com 82 casos; o Centro-Oeste, com 37 registros; e, por fim, o Norte, com 21.

José de Lima Ramos Pereira, procurador-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT), teve uma reunião com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e com o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, para falar sobre assédio eleitoral no ambiente de trabalho. Nenhuma medida concreta, entretanto, foi decidida na reunião. Segundo ele, além do aumento de casos, há uma trivialização de algo que é um crime.

— Houve uma banalização mesmo. São fotos, vídeos, que são jogados na rede social como se fosse algo normal. Isso que temos diferenciando em relação aos anos anteriores. Mas todo assédio tem que ser combatido, e o assédio eleitoral não é diferente — afirmou Pereira.

À noite, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, comentou sobre o tema durante sessão da Corte. O ministro afirmou ser preciso “banir esse absurdo do assédio eleitoral”:

— O eleitor tem que ter a liberdade, no momento do voto, para que possa, com sua consciência, escolher o melhor candidato. Reitero aqui que o assédio moral é crime, e como crime será combatido. Aqueles que cometerem responderão civilmente e penalmente — afirmou Moraes.

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