Política

Gesto nazista não pode ser banalizado, diz vereadora cassada após denunciar bolsonaristas

A CartaCapital, a petista afirma ter sido vítima de perseguição política e que já trabalha para recuperar o mandato

Fotos: Reprodução
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A ex-vereadora Maria Tereza Capra (PT), que teve o seu mandato cassado na cidade de São Miguel do Oeste (SC) no sábado 4, classificou a decisão dos colegas parlamentares como injusta.

A petista foi acusada de quebrar o decoro parlamentar após publicar um vídeo no Instagram em que moradores do município catarinense, durante uma manifestação contra a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fazem um gesto semelhante a uma saudação nazista. Os bolsonaristas estavam reunidos em frente à base do Exército e aparecem em uma gravação com os braços estendidos, enquanto o hino nacional é executado.

A Câmara Municipal abriu um processo contra Maria Tereza e a acusou de ‘propagar notícias falsas’. Dos 13 vereadores da cidade, 10 votaram pelo afastamento da petista.

“Recebi [a decisão] com muita indignação e com sentimento de injustiça”, declarou Maria Tereza em conversa com CartaCapital. E acrescentou: “Embora eu soubesse, pelo comportamento dos vereadores, qual seria o voto deles. É uma Câmara bolsonarista. Dos 13 vereadores, 11 são declaradamente bolsonaristas”.

A publicação do vídeo na rede social e a repercussão negativa entre apoiadores do ex-presidente fizeram da petista alvo de ameaças anônimas. Ela deixou a cidade por um período e passou a receber escolta da Polícia Federal. Nesta semana, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, incluiu a ex-vereadora no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas.

“Estou trabalhando para recuperar o mandato. Já estamos estudando as medidas cabíveis”, acrescentou Maria Tereza à reportagem. “[No processo], nós entramos com toda a possibilidade de defesa para que eles [os vereadores] compreendessem, mas não teve jeito”.

A ex-vereadora afirma que a cassação decorre de uma perseguição política já que, com a vitória do presidente Lula (PT) na eleição nacional, ela poderia se candidatar a prefeita no ano que vem.  “A minha manifestação no Instagram foi apenas a ‘bala de prata’ para eles”, diz.

.O Ministério Público de Santa Catarina concluiu que não se tratava de uma manifestação nazista e sim uma forma de “emanar energias positivas”.

“Essa conclusão foi com base nas declarações das pessoas que estavam lá coordenando o evento. O Ministério Público, com todo o respeito, deveria ter ouvido a comunidade judaíca, a comunidade católica e não só aquelas pessoas que estavam lá”, afirmou Maria Tereza. “Acho que a conclusão do MP foi superficial, porque isso que aconteceu não pode ser banalizado“.

Veja o vídeo:

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