Política

Exército reage a exclusão de coronel pelo TSE e não indicará substituto

Ricardo Sant’Anna, um dos integrantes apontados pelo Comando de Defesa Cibernética, postou nas redes informações falsas sobre as urnas

Foto: Reprodução
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O Exército se manifestou nesta quarta-feira 10 sobre a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de afastar da comissão de fiscalização das urnas eletrônicas o coronel Ricardo Sant’Anna, que usa as redes sociais para reproduzir o discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre uma falsa inconfiabilidade do sistema de votação.

Em uma crítica direta à ação da Corte, a Força afirmou em nota que a decisão ocorreu com base em “apuração da imprensa” e “de forma unilateral, sem qualquer pedido de esclarecimento ou consulta ao Ministério da Defesa ou ao Exército Brasileiro”.

“Dessa forma, o Exército não indicará substituto e continuará apoiando tecnicamente o MD nos trabalhos julgados pertinentes”, prossegue o texto.

O Exército acrescentou ter tomado conhecimento na semana passada do comportamento do coronel nas redes e buscado “esclarecer os fatos antes de tomar quaisquer providências, eventualmente precipitadas ou infundadas”.

“Por fim, cabe ressaltar que o Exército Brasileiro, Instituição Nacional e Permanente, sempre participou nas ações de Garantia de Votação e Apuração, seja em aspectos de segurança, seja no apoio logístico, particularmente, nos rincões mais distantes do País.”

Sant’Anna é chefe da Divisão de Sistemas de Segurança e Cibernética da Informação no Exército, de acordo com seu perfil no LinkedIn. Segundo o currículo do coronel na plataforma Lattes, ele possui mestrado em Engenharia Elétrica e doutorado em machine learning aplicado à análise de malware, ambos pelo IME. Sant’Anna também tem uma especialização em andamento sobre criptografia e segurança de redes pela Universidade Federal Fluminense.

O presidente do TSE, Edson Fachin, enviou um ofício ao ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, comunicando o descredenciamento de Sant’Anna como representante da pasta na fiscalização das eleições. O magistrado argumentou ser imprescindível a “isenção dos que se arvoram como fiscalizadores”.

Em uma das postagens nas redes, o oficial comparou a segurança dos dispositivos eletrônicos de votação com uma loteria e ainda escreveu que “nenhum país desenvolvido” adotou este sistema. Além do Brasil, nações como França e Estados Unidos também utilizam urnas eletrônicas. O processo eleitoral brasileiro é reconhecido internacionalmente como um dos mais seguros e confiáveis do mundo.

O coronel também costumava compartilhar publicações de páginas bolsonaristas e fazer críticas contundentes ao PT. Em uma publicação compartilhada por Sant’Anna, a frase em destaque é “Votar no PT é exercer o direito de ser idiota”. Vale apontar, contudo, que o documento encaminhado por Fachin não foca na questão política, somente no fato de o militar compartilhar fake news sobre as urnas.

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