Polícia encontra armas e roupas com símbolos nazistas na casa do atirador do ES

A Polícia Civil do Espírito Santo apreendeu nesta segunda-feira 28 armas de fogo, armas brancas, carregadores, munições e uma série de roupas militares com símbolos nazistas na casa do autor dos ataques em escolas de Aracruz, no Espírito Santo.

Desde domingo a polícia investiga se o autor do crime agiu sozinho ou se o atentado também tem ligação com grupos neonazistas. O adolescente, de 16 anos, alega que agiu por conta própria. Segundo a polícia, o adolescente confirmou ser um apoiador das ideias de Adolf Hitler, mas não há confirmação de uma ação em grupo.

“Apesar do adolescente não se alongar no seu depoimento quanto, na investigação preliminar nós constatamos que ele é um simpatizante de ideias nazistas”, esclareceu um dos investigadores durante a coletiva. “Porém, até o momento, não confirmei para ninguém que ele fazia parte de qualquer grupo porque isso depende de uma investigação aprofundada e a polícia está atenta a isso”.

Durante a conversa com jornalistas, a polícia afirmou, por diversas vezes, que ainda não tem elementos suficientes para afirmar que se trata de uma ação orquestrada em grupo ou que o pai do jovem, que é policial militar, tenha alguma participação na formação ideológica do filho. “Nós estamos atentos à conduta ou omissão do pai e trataremos isso com rigor. Porém isso demanda de uma análise profunda e mais detalhada”.

Nas imagens divulgadas pela polícia do estado é possível ver armas de longo calibre que, segundo as forças de segurança, são de pressão e não foram usadas no crime. Há ainda uma série de armas brancas, como machados e chaves, um revólver e uma pistola, essas, sim, armamentos reais. Carregadores e dezenas de munições também foram encontradas. As roupas usadas pelo atirador, que ostentam suásticas, também foram localizadas. O celular dele também foi apreendido.

Segundo a polícia, todo o armamento e roupas usadas pelo atirador foram escondidas por ele na casa da família após o crime. “[Após o ataque] ele volta para casa em Coqueiral, pega todos os objetos que usou na ação e guarda para que os pais não desconfiem que ele tinha usado. Coloca tudo onde estava e fica no interior da casa como se nada tivesse acontecido. Os pais chegam e ele reage naturalmente”, contou um dos policiais na coletiva.

Após o crime, ele então viaja com os pais para uma casa no litoral do estado. Segundo o relato, ele teria sido questionado sobre o atentado e apenas confirmou aos pais que viu o ocorrido, mas segue agindo naturalmente.

O crime ocorreu na sexta-feira e deixou 4 mortos e 10 feridos. De acordo com os investigadores, as vítimas não foram escolhidas pelo jovem que tinha o objetivo de matar o maior número de pessoas que conseguisse.

“Ele disse que escolheu aleatoriamente as vítimas, como a primeira sala era a dos professores, foi a sala que ele teve acesso mais fácil”. Dos 4 mortos nas duas escolas atacadas pelo adolescente, 3 são professoras.

Pai também será investigado

A polícia confirmou também nesta segunda-feira que as ações do pai do jovem, que é policial militar, serão investigadas. As armas usadas no crime pertencem a ele, bem como o automóvel que o garoto usou para se deslocar entre as escolas em que ocorreram os ataques. Um processo administrativo foi aberto na PM do Espírito Santo.