Sociedade
Após mortes em operação, PM do Rio liga migração de criminosos a uma decisão do STF
A ação desta terça terminou por volta das 16h40; a corporação afirmou que, entre os 22 mortos, 12 eram ‘suspeitos’ e uma era moradora da região
A Polícia Militar do Rio de Janeiro responsabilizou o Supremo Tribunal Federal pela chegada de criminosos ao estado, horas depois de uma operação deixar ao menos 22 mortos na Vila Cruzeiro, Zona Norte da capital fluminense.
O coronel Luiz Henrique Marinho, secretário da PM no Rio, mencionou uma decisão do STF em 2020 que limitou operações policiais durante a pandemia.
“A gente começa a perceber essa movimentação, essa tendência de ligação com o Rio de Janeiro a partir da decisão do STF”, disse Marinho em entrevista. “Isso vem se acentuando nos últimos meses. Esses esconderijos nas nossas comunidades são fruto da decisão do STF. A gente está estudando isso, mas provavelmente é fruto dessa decisão que limitou as ações das forças policiais do estado na comunidade.”
Pela determinação do STF, a polícia deveria justificar a realização das operações por escrito e comunicá-las ao Ministério Público do Rio de Janeiro, órgão responsável pelo controle externo da atividade policial.
Neste ano, a Corte revisitou o tema e obrigou o governo do Rio a elaborar um plano para reduzir a letalidade policial em operações nas favelas. O documento deveria apresentar medidas concretas, cronogramas específicos e a previsão de recursos necessários.
A operação desta terça começou no meio da madrugada e, de acordo com a PM, terminou por volta das 16h40. A corporação afirmou que, entre os 22 mortos, 12 eram “suspeitos” e uma era moradora da região – Gabrielle Ferreira da Cunha, de 41 anos, que levou um tiro.
A PM argumenta que agentes do Batalhão de Operações Especiais e da Polícia Rodoviária Federal foram recebidos a tiros na comunidade, quando planejavam iniciar uma ação para prender chefes do Comando Vermelho.
A informação oficial é de que foram apreendidos 13 fuzis, quatro pistolas, 12 granadas e uma grande quantidade de drogas. 10 carros e 20 motos foram recuperados.
Nesta terça, o Ministério Público do Rio de Janeiro abriu um procedimento investigatório criminal para apurar as circunstâncias das mortes ocorridas durante a operação. O Ministério Público Federal também investigará a participação dos agentes da PRF na ação.
Em nota, o MPF afirma que irá “apurar as condutas, eventuais violações a dispositivos legais, as participações e responsabilidades individualizadas de agentes policiais federais”.
Já o MPRJ informa ter determinado que o comando do Bope envie, em até 10 dias, “o procedimento de averiguação sumária dos fatos ocorridos durante a operação, ouvindo todos os policiais militares envolvidos e indicando os agentes responsáveis pelas mortes, além de esclarecer sobre a licitude de cada uma das ações letais”.
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