Editorial

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Líder invencível

Somente Lula seria capaz de uma vitória tão retumbante, celebrada mundo afora

Imagem: Ricardo Stuckert
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Lula, somente Lula seria capaz da façanha que a mídia estrangeira celebra com a sua vitória nas eleições de domingo passado. O ex-presidente de volta ao poder é o único líder com a capacidade de eliminar em definitivo Jair Bolsonaro e o bolsonarismo. A revista ­CartaCapital também celebra, sem deixar de se associar à ideia da confiabilidade do País governado novamente por quem, em 2002, derrotou Fernando Henrique Cardoso. Diga-se que o derrotado se saíra da pior maneira: quebrara três vezes o País, comprara votos parlamentares para conseguir a emenda constitucional da reeleição, aceitara a humilhação do monitoramento do FMI, exercido dos EUA pelo diretor Paul ­Volcker e no Brasil por seus janízaros. Bom lembrar que Lula, ao assumir, liquidou a dívida e a humilhação.

A confiabilidade daquele novo governo renova-se agora intacta. Imagina-se a repetição daqueles tempos em que o Brasil teve muito peso no cenário político global, ficou o tempo inteiro na ribalta com seu excelente desempenho internacional, uma contribuição notável do então chanceler Celso Amorim. Enquanto isso, aconteciam importantes e vultosos investimentos de capital estrangeiro.

Transparente demais diante da derrota o comportamento de Bolsonaro e sua turma. O derrotado curva-se imediatamente à vontade dos eleitores e se declara cumpridor da Constituição, portanto, pronto a deixar livre o caminho para a transição. O energúmeno demente gozou da presença ao seu lado de conselheiros para excogitar a melhor forma de ficar à tona no cenário político, valendo-se dos governadores eleitos à sua sombra, do avanço parlamentar do seu partido, ainda que, a mostrar sua hipocrisia, figuras como Arthur Lira e Rodrigo Pacheco tenham declarado fidelidade ao novo governo.

Lula já apontou no vice, Geraldo ­Alckmin, o responsável pela transição. CartaCapital o considera largamente abonado pelo comportamento exemplar de Alexandre de Moraes, produto inicial do seu governo tucano. Neste período de definições, Moraes revelou seu caráter e senso de responsabilidade na qualidade de ministro do STF e presidente do TSE. Como tal garantiu a lisura do pleito com extrema eficácia.

Em desespero, o energúmeno demente busca em vão criar o caos pela paralisação das estradas

A última tentativa bolsonarista visou criar o caos pela paralisação das estradas, com a pronta adesão dos caminhoneiros a mostrarem subitamente fé bolsonarista. Em cerca de 800 bloqueios em 12 estados da federação registrou-se até a manhã da quinta-feira 3 de novembro uma queda em torno de 90%. Houve episódios em que os próprios caminhoneiros não se prestaram ao serviço sujo. Habitantes de vilas ao longo de uma ou outra rodovia cuidaram de intervir ao comparecer em número suficiente para convencer os pressionados a restabelecer o trânsito pela força. Moraes ameaçou a prisão do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal e a situação começou a melhorar.

Apesar de toda a manobra ainda em curso para não sucumbir de vez, o futuro de Bolsonaro é incerto. De todo modo, não falta quem aposte no enterro definitivo do bolsonarismo. CartaCapital lamenta com profundo desalento a eleição, a serviço de Bolsonaro, de Sergio Moro para o Senado e Deltan Dallagnol para a Câmara, de sorte a se tornarem invulneráveis aos desígnios da lei, embora a tenham traído, juntamente com o Brasil e seu povo. Trata-se, todos sabemos, dos senhores da República de Curitiba perseguidores sem provas de Lula ao longo de um processo apoiado freneticamente pela mídia nativa, permitido de início pelo STF e finalmente condenado, conquanto sem volta ao ponto de partida.

A nossa publicação espera que neste ponto, nesta questão que consideramos crucial, não vigore a chamada conciliação. Já foi das elites. Seriam elas representadas pelos donos da casa-grande e dos sobrados senhoriais contados admiravelmente por Gilberto Freyre? Ou os representantes dos estamentos donos do poder, conforme as lições inesquecíveis de Raymundo Faoro?

Lula provou que desta vez, deliberadamente, pretendeu serenar os ânimos e exibir em toda a sua dimensão a sua condição de líder de uma forma peremptória, de evidência solar. •

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1233 DE CARTACAPITAL, EM 9 DE NOVEMBRO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Líder invencível”

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