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Direita avança na Espanha e partido de Sánchez perde eleições locais e regionais

O PP obteve o maior número de votos nas eleições municipais, mais de 7 milhões (31,5%) – 2 milhões a mais do que há quatro anos -, contra 6,2 milhões (28,1%) para o Partido Socialista

Foto: JAVIER SORIANO / AFP
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A seis meses das eleições legislativas nacionais, o Partido Socialista, do chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, foi derrotado nas eleições municipais e regionais deste domingo (28) pelo Partido Popular (PP), de direita, liderado por Alberto Núñez Feijóo.

“Um ‘tsunami’ de direita passou hoje em todas e cada uma das comunidades autônomas (regiões) da Espanha“, declarou o socialista Javier Lambán, presidente regional de Aragão, após ser derrotado pela direita.

O PP obteve o maior número de votos nas eleições municipais, mais de 7 milhões (31,5%) – 2 milhões a mais do que há quatro anos -, contra 6,2 milhões (28,1%) para o Partido Socialista, de Sánchez.

Além disso, o partido deve garantir a vitória de pelo menos seis das dez regiões até agora governadas (diretamente ou em coalizão) pelos socialistas.

Além do PP, outro grande vencedor é o partido de extrema-direita Vox, que já é a terceira força política do Parlamento. Com mais de 1,5 milhão de votos na eleição municipal (7,19%), ele praticamente dobrou sua porcentagem em quatro anos e obteve representatividade em inúmeros parlamentos regionais.

Seu apoio será “absolutamente decisivo” para que a direita derrube a esquerda, ressaltou seu líder Santiago Abascal.

As pesquisas anunciavam uma vitória da direita nas eleições municipais e regionais, mas ninguém esperava que o partido de Sánchez obtivesse uma derrota tão significativa.

“Estamos numa maré de direita na Espanha”, admitiu em entrevista coletiva Miguel Ángel Revilla, presidente regional da Cantábria, onde a direita também teria vencido, segundo a imprensa.

“Não é o que esperávamos após estas semanas de campanha eleitoral. Temos que fazer uma reflexão para os próximos meses”, disse a porta-voz do Partido Socialista, Pilar Alegría.

“Vencemos claramente e demos o primeiro passo para um novo ciclo político nos próximos meses”, comemorou Núñez Feijóo, referindo-se às eleições gerais do fim do ano, ainda sem data definida.

Ele celebrou na noite deste domingo, na sacada da sede do PP, em Madri, diante de centenas de apoiadores, que gritavam “presidente!”.

Socialistas perdem Sevilha

Os socialistas perderam a prefeitura de Sevilha, maior cidade da Andaluzia (sul) e um de seus redutos, para o PP, segundo o canal público TVE.

Os socialistas também não conseguiram reconquistar a prefeitura de Barcelona, grande metrópole da Catalunha, que ocuparam de 1979 a 2011, embora possam tentar um acordo com outros partidos de esquerda para governar em coalizão.

O militante David Sebanio, que conversou com a RFI em um dos locais de votação, estava surpreso com o resultado. “Formar um governo sem estar no comando dele não é um problema. O problema são os pseudo aliados, que não inspiram confiança”, declarou à repórter Elise Gazengel.

Os espanhóis renovaram todos os municípios do país e 12 das 17 comunidades autônomas. As eleições ocorreram sem maiores incidentes.

A participação foi de 63,89%, menor do que nas eleições de 2019 (65,19%). Embora o nome de Pedro Sánchez não estivesse em nenhuma cédula, nem o de Alberto Feijóo, o que estava em jogo era importante para o futuro de ambos os políticos.

As eleições mostram que “a vontade de mudança e esta alternativa (a do PP) é absolutamente imparável” para as legislativas, comemorou em entrevista coletiva a porta-voz do partido, Cuca Gamarra.

Direita alcança objetivos

Chefe de governo desde 2018, Sánchez enfrenta a inflação elevada – embora inferior a da maioria dos países europeus – e a queda do poder aquisitivo, que não contribuem para sua popularidade.

Além disso, a imagem do governo sofreu com as divergências entre os partidos que formam a coalizão: os socialistas e a esquerda radical do Podemos, que também teria sofrido um retrocesso, segundo os resultados parciais.

Sánchez fez campanha exaltando seu governo, especialmente em questões econômicas. Mas a campanha de Núñez Feijóo deu mais certo. Ele acusou Sánchez de ser subordinado tanto à esquerda radical quanto aos partidos separatistas do País Basco e da Catalunha, que costumam apoiar o governo para aprovar suas reformas.

Se o objetivo do chefe de governo de esquerda hoje era resistir, o de Núñez Feijóo era duplo: conseguir o maior número de votos em nível nacional nas municipais e tirar dos socialistas o maior número possível de regiões, para mostrar, como afirma, que o país já não quer o líder socialista.

O problema para o líder da direita é que ele deve precisar da extrema-direita do Vox, terceira maior força no Parlamento nacional, para formar o governo em algumas regiões, mesmo em nível nacional, nas eleições gerais do fim do ano. Núñez Feijóo sabe que as legislativas se vencem com um discurso mais de centro.

(Com informações de AFP)

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