Três ex-executivos do Softbank estão se unindo para lançar um novo fundo de growth na América Latina que busca US$ 500 milhões para investir em startups, apurou o NeoFeed com diversas fontes do setor de venture capital.

Batizada de Bicycle Capital, a nova gestora será comandada por Marcelo Claure, o homem que trouxe o Softbank para a América Latina com um fundo de US$ 5 bilhões. Se unem a ele Paulo Passoni e Shu Nyatta, que eram os managing partners do fundo latino-americano.

Claure já se comprometeu em aportar US$ 200 milhões na Bicycle Capital. O fundo Mubadala, que pertence à cidade de Abu Dhabi e tem US$ 284 bilhões sob gestão, está perto de fechar um commitment inferior a US$ 200 milhões.

O fundo ainda está em processo de fundraising em busca de chegar a US$ 500 milhões. Mas, segundo relatos ouvidos pelo NeoFeed, as conversas com outros investidores estão difíceis em razão do momento do mercado de venture capital. “Mas com o que já conseguiram com esses dois LPs, já dá para começar investir”, diz uma fonte.

Desde que deixaram o Softbank, Passoni e Nyatta estão em período de non-compete com o grupo japonês fundado por Masayoshi Son. O prazo de ambos vence daqui a 31 dias. Passoni faz, em seu LinkedIn, a contagem de quantos dias faltam para que ele possa voltar ao mercado de venture capital.

Claure tinha também um acordo de non-compete com o Softbank, mas tem feito investimentos por meio de seu family office, o Claure Group. Recentemente, investiu US$ 100 milhões na Shein, varejista chinesa que tem ganhado tração no Brasil e se tornado um pesadelo dos varejistas de vestuário brasileiro.

A Bicycle Capital, cuja informação de que estava sendo criada foi revelada em primeira mão pela Bloomberg Linea, será uma gestora focada na América Latina. A tese deve ser semelhante a do Softbank, quando o trio comandava a operação na região.

Claure, Passoni e Nyatta foram três dos executivos que estiveram à frente do Softbank na América Latina e que ajudaram a criar os principais unicórnios da região, como Nubank, Creditas, Kavak, Rappi e Loggi.

Mas o trio foi também bastante criticado por investimentos apressados, diligências rápidas e valuations inflados, uma característica que marcou os anos de 2020 e 2021, quando os juros baixos e a liquidez do mercado elevou os investimentos de venture capital a patamares recordes na América Latina.

A entrada iminente do Mubadala como investidor da Bicycle Capital deve-se a bom relacionamento que Claure cultivou com o fundo na época em que estava no Softbank. O fundo da cidade de Abu Dhabi era um importante LP do Vision Fund, o megafundo de Son que tinha mais de US$ 100 bilhões.

No Brasil, o Mubadala comprou a Americas Trading Group (ATG), companhia especializada em negociação eletrônica de ativos financeiros. Ela também tem participação na CERC, uma registradora de recebíveis, como cartão de crédito.

Recentemente, a Mubadala adquiriu uma fatia do fundo americano Lone Star e assumiu o controle da sucroalcooleira Atvos, a antiga Odebrecht Agroindustrial.

A chegada da Bicycle Capital ao ecossistema de empreendedorismo é mais uma boa notícia, diante da maré baixa de investimentos de 2022, quando os aportes na América Latina tiveram queda de 35%, para US$ 12,1 bilhões, segundo o Sling Hub.

O Kaszek, uma das casas mais ativas de venture capital da América Latina, está concluindo uma captação de dois fundos que podem chegar a US$ 1 bilhão, segundo fontes disseram ao NeoFeed.

Procurados, Claure não quis fazer comentários a essa reportagem. Passoni não retornou aos pedidos de entrevistas do NeoFeed.