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Um consenso entre os moradores e frequentadores do Centro é de que a região não pode ser vista como única. E seguindo esta lógica, bairros como Santa Cecília, Vila Buarque e República voltaram a atrair os olhos de empreendedores com dezenas de inaugurações nos últimos meses.
Se por um lado a segurança pública ainda é um risco, o valor dos aluguéis é uma oportunidade. De acordo com levantamento do Índice Fipezap, feito a pedido da CBN, enquanto no Itaim Bibi o valor do metro quadrado comercial está em torno de R$ 74 reais, na Santa Cecília ele custa cerca de R$ 49 e, na República, quase um terço: R$ 26.
Também conta a forte ligação pessoal dos comerciantes com o Centro. Marco Aurélio Braga já morava na Praça da República e, há 11 meses, abriu com um sócio o À Mercê: ‘nós funcionamos aqui com uma mercearia, que tem produtos artesanais brasileiros, junto com uma cafeteria e mais ao fundo, tem a nossa carta de vinhos’.
Marco e o sócio investiram cerca de 400 mil reais no negócio, e um dos pontos fortes foi explorar a arquitetura do ponto comercial que conta até com um bunker, da época que a legislação obrigava a construção de abrigos antiaéreos por causa da Segunda Guerra Mundial: ‘qual é o outro prédio de São Paulo que tem um Bunker disponível para visitação em que a gente consiga ouvir música, né? Então a gente consegue fazer com que a história esteja presente no nosso dia a dia e as pessoas vivenciarem um pouco disso’.
A busca por um diferencial também está presente em vários negócios. No Cine Cortina, um antigo estacionamento deu lugar a uma proposta que une cinema, balada, restaurante e bar. O Marcelo Sarti, um dos sócios, disse que o ponto alugado era antes um estacionamento, o que demandou mais de um ano de reforma, que valeu a pena: ‘é só desse jeito mesmo que a gente vai conseguir devolver o centro para o lugar que ele merece, sabe?’.
Para o antropólogo Michel Alcoforado, o Centro mantém esse caráter democrático como um atrativo: ‘Eu não acho outro bairro de São Paulo com a capacidade de encontro com o diferente como o Centro oferece. E aí eu estou falando de diferentes classes, de diferentes perfis étnico-raciais, estou falando de diferentes perfis e orientações sexuais, estou falando de diversidade mesmo’.
Apesar da onda otimista de parte dos empreendedores, a associação dos comerciantes do Centro considera que a área que prospera não compensa, no balanço, as demissões e fechamentos de comércios tradicionais, especialmente os populares como os da região da Santa Ifigênia.