MEC: Corrupção do governo Bolsonaro volta a ser alvo de CPI no Senado

Randolfe Rodrigues (REDE-AP) protocola requerimento com 31 assinaturas, quatro acima do necessário. “Tanto na saúde quanto na educação, o governo constituiu gabinetes paralelos”, diz Jean Paul Prates (PT-RN)

Foto: Alessandro Dantas

Os senadores durante coletiva de anúncio de apresentação do requerimento para criação da CPI do MEC

A oposição no Senado protocolou nesta terça-feira (28) requerimento para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar suspeitas de corrupção no Ministério da Educação. Durante entrevista coletiva, o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), informou que os senadores coletaram 31 assinaturas, quatro a mais do que o necessário. O próximo passo será a leitura do requerimento no Plenário do Senado para que seja aprovado.

“É um requerimento robusto, mostrando que há um desejo, no Senado, de que esse esquema escandaloso que se instalou no Ministério da Educação, tenha uma séria investigação”, declarou Rodrigues.

“As denúncias apontam que o então Ministro Milton Ribeiro priorizava amigos de dois pastores a pedido do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, na destinação de verbas públicas afetas ao Ministério da Educação”, aponta o requerimento assinado por Randolfe. “Em troca da priorização e da liberação das verbas públicas para construção de escolas e creches, os pastores cobravam propina dos prefeitos, solicitando pagamentos em dinheiro, em bíblias e até em ouro”, denuncia o documento.

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Rodrigues citou a investigação conduzida pela Polícia Federal, hoje sob interferência e ameaça por parte do governo. “Desde a semana passada, é de conhecimento de todos, em áudio do próprio senhor Milton Ribeiro, que o presidente da República interveio de forma clara para impedir que a investigação avançasse”, disse Ralndolfe. “Um claro crime, conforme o Código Penal, de obstrução das investigações e de uso de informações privilegiadas”.

Randolfe alertou que o delegado responsável pelo caso, Bruno Calandrini, corre risco de ser afastado das investigações e, por isso, a necessidade de uma CPI “se impõe”. “Sobretudo, pela necessidade que se tem de dar, ao delegado Bruno, aos investigadores, ao Ministério Público Federal, a retaguarda necessária para conduzam com tranqüilidade essas investigações”, justificou.

“Não há dúvida de que se instalou uma quadrilha no Ministério da Educação. Os indícios são fortes, de que o esquema dessa quadrilha chega até o Palácio do Planalto”, avisou Randolfe, citando como exemplo de interferência o fato de que que até o momento o celular de Ribeiro não foi entregue para ser periciado.

Prates: “governo constituiu gabinetes paralelos”

“Essa CPI não é eleitoral, não é antievangélico, ao contrário. Ela é antieleitoreira e pró-evangélicos”, anunciou o líder da minoria, Jean Paul Prates (PT-RN). “Tanto na área da saúde quanto na educação, esse governo constituiu canais paralelos, gabinetes. Isso ficou claro na primeira CPI [da Covid], e agora, mais uma vez, os indícios são os mesmos”, observou o senador.

“São estelionatários que têm dentro do governo seus correspondentes, corruptos passivos, e aliciadores do orçamento público. É isso que se quer investigar”, argumentou o senador petista.

Esse governo foi terceirizado, esse governo acabou agora e, no desespero, vai tentar vender tudo o que tiver, inclusive a entrada no orçamento, os ativos da União, o controle de estatais, refinarias e vai tentar ganhar do outro lado. São as comissões, os empregos na iniciativa privada, posições em conselho, é disso que estamos falando: é um governo que acabou e está queimando tudo que não pode saquear”, resumiu Prates.

LEIA A ÍNTEGRA DO REQUERIMENTO

Verri festeja coleta de assinaturas

O deputado federal Enio Verri (PT-PR) festejou a coleta de assinaturas no Senado. “Nós estávamos fazendo essas denúncias há muito tempo”, declarou Verri, em entrevista ao Jornal PT Brasil, nesta terça-feira (28). “O comportamento do ministro Milton Ribeiro, já era público, estava absolutamente comprometido no que se refere à transparência, à idoneidade, quando ocorreram as denúncias da presença de pastores amigos dele intermediando as negociações [ilegais]”, afirmou.

Verri destacou que mesmo com dificuldades, como a pouca margem de manobra da oposição na Câmara, a bancada no Senado garantiu assinaturas suficientes para instaurar a comissão. “A posição da bancada na Câmara é de acumular informações ao máximo possível e contribuir com a bancada do PT no Senado para que essa CPI leve a um debate mais profundo sobre o que de fato representa o MEC”, explicou.

“Eu quero dizer a todos que o debate não é só sobre o ministro Milton Ribeiro”, enfatizou. Eu chamaria ele de “ponta do inceberg”. É importante lembrar que nós temos um governo, dirigido por Bolsonaro, que escolhe como ministros pessoas que odeiam as suas respectivas pastas”, apontou Verri.

O deputado frisou que esse tipo de conduta, além de favorecer desmandos em áreas importantes como a educação, “leva também a uma redução drástica dos investimentos”.

Verri apontou ainda para a gravidade das denúncias de interferência de Bolsonaro nas investigações da Polícia Federal e as suspeitas de alertas dados a Ribeiro. “Temos de apurar isso, de todas as maneiras. Estamos falando aqui do papel institucional do presidente da República, do ministro da Justiça, da própria Polícia Federal. A população tem o direito de receber as informações de como funciona esse governo”.

Da Redação

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