aprendizado contínuo

Oportunidades de trabalho continuam crescendo em espaços novos como machine learninginteligência artificial e veículos autônomos. Ao mesmo tempo, profissões que já existiam em campos tão variados quanto saúde e finanças estão mudando de maneira dramática conforme novas ferramentas e tecnologias são adotadas.

O conceito de aprendizado contínuo, ou “lifelong learning”, também está se transformando, passando de uma aspiração ocasional a uma necessidade de carreira. Aprender novas habilidades não é mais um diferencial, assim como não é mais algo que você faz apenas quando está em busca de uma grande guinada profissional.

Para se manter relevante, competitivo e em alta no mundo de hoje, é preciso firmar um compromisso com o aprendizado contínuo – e não importa qual é seu cargo ou plano de carreira.

Um novo perfil profissional

Jonas Prising, presidente e CEO da ManpowerGroup, uma grande recrutadora, recentemente escreveu um artigo com o seguinte título: “O modelo de um emprego para a vida toda está morto” e ali descreveu o perfil dos profissionais bem-sucedidos do futuro.

“Vamos precisar de uma nova geração de trabalhadores que tem fome de aprender e quer se manter no ritmo das mudanças. Eles vão ser pioneiros e encontrar novas maneiras de combinar negócios e tecnologia para aumentar sua produtividade. Vão atualizar os velhos modelos de trabalho. Organizações de todo tipo de indústria vão procurar mentes curiosas, flexíveis e orientadas a dados. Vão querer pessoas que têm a habilidade comprovada de aprender continuamente e continuar relevantes em seus campos de expertise. São pessoas que vão buscar ativamente oportunidades em que suas habilidades transferíveis podem ser aplicadas.”

Prising define learnability, ou capacidade de aprendizado, como ser capaz de crescer e adaptar suas habilidades para continuar empregável ao longo de toda a vida profissional. E sua mensagem é universal: “Em um mundo que muda rapidamente, a learnability é como [você pode] se manter relevante, seguir em frente e subir.”

Papeis do futuro, habilidades do futuro

Quando se considera o ritmo da inovação em novos campos, sejam eles realidade virtual ou blockchain, nem sempre há habilidades em alta que estão bem definidas ou compreendidas – e o talento pode não estar pronto ainda.

Em um artigo recente sobre carros autônomos para o Recode, o co-fundador e presidente da Udacity, Sebastian Thrun, discorreu sobre essa nova realidade naquela área: “Estou cercado por companhias que estão desesperadas por talentos. Players não tradicionais estão entrando no campo e construindo equipes substanciais, mas o conjunto de habilidades necessários para construir um carro autônomo é multidisciplinar – e esse conjunto de habilidades multidisciplinar simplesmente não está lá.”

Ele segue adiante, divulgando uma regra informal do mundo da tecnologia. “Trata-se de um caso simples, de uma lei que é fundamentalmente verdadeira: a tecnologia está se movendo tão depressa que, por definição, quando está em alta, aquele seu conjunto de habilidades não existe.”

Ou seja, são campos tão novos que não só é preciso estudar para se destacar: é preciso estudar para que o próprio campo comece a crescer e se firmar de verdade. Conforme essas perspectivas são absorvidas, começa a ficar claro porque a “nova geração de trabalhadores” que Prising apresenta será necessária.

Talentos ágeis e a economia sob demanda

Dentro deste universo de transformações, surge a ideia de “talento ágil” e a importância crescente do que se costuma chamar de gig economy ou economia sob demanda. Conforme os rápidos avanços tecnológicos e demandas novas constantes emergem como desafios em potencial, práticas de contratação rápida e aprendizado rápido emergem como soluções em potencial.

Há até um livro sobre o assunto,”Agile Talent: How to Source and Manage Outside Experts”, co-escrito por Jonathan Younger. Em uma entrevista para o site freelanship.com, Younger explica que, para funcionar ao máximo, o talento ágil depende de algo chamado cloud resourcing, ou “recursos em nuvem”.

Não se preocupe se você não entendeu nada: é tudo novo. “A alusão à computação em nuvem é intencional, porque a nuvem é sinônimo para computação distribuída em rede e reflete a habilidade crescente que empresas têm de aumentar sua velocidade e eficiência ao executar aplicações em muitos computadores conectados ao mesmo tempo”, começa Younger.

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“O cloud resourcing reflete a capacidade das empresas de acessar uma rede global de talentos que oferece uma gama maior de habilidades e um custo-benefício maior do que em modelos empregatícios tradicionais.”

Faz sentido. Em uma economia sob demanda – tanto de produtos, serviços e tecnologias quanto de habilidades, que surgem ciclicamente com as tecnologias em alta –, o recrutamento sob demanda também faz sentido.

Neste novo modelo, empresas estão reconsiderando os laços empregatícios tradicionais, como trabalhos em tempo integral e in loco e buscando alguma maneira de injetar criatividade e velocidade no processo, como buscar talentos autônomos, freelancers para certas tarefas ou contratos por períodos curtos de tempo.

E por que o aprendizado contínuo importa?

A ênfase na criatividade, velocidade e eficiência é um tema que perpassa todas as perspectivas apresentadas aqui, e que se encaminha para a seguinte conclusão sobre o emprego do futuro: abordagens menores, mais rápidas e mais inteligentes rumo ao aprendizado são necessárias, tanto para empresas quanto para profissionais.

Isso significa que não vai mais haver empregos em tempo integral no futuro, apenas freelancers? Não. E que será impossível ter alguma estabilidade, visto que tudo vai estar sempre mudando? Não. E caso você queira uma longeva carreira de décadas numa empresa, isso agora não existe? Também não é verdade.

Significa apenas que é hora de aposentar a mentalidade de que você já domina o que precisa dominar porque sabe fazer seu trabalho. O que é exigido de você como profissional, seja em termos de conhecimento ou de jeitos de trabalhar, vai mudar – e você pode sair na frente se estiver atento e preparado.

O futuro do trabalho tradicional, segundo a consultoria McKinsey & Co.

Para ter sucesso em qualquer papel, será preciso abraçar a ideia de lifelong learning, que na prática significa ser alguém proativo, flexível e de interesses diversos quando o assunto é conhecimento e novas habilidades. Apenas ao adotar essa postura será possível se manter relevante, competitivo e em alta.

Ao mesmo tempo, a tecnologia e a globalização dos talentos, juntas, garantem que a busca por profissionais vai ser cada mais valiosa e estratégica para empresas. Isso tem o potencial de ampliar enormemente as possibilidades individuais de carreira. Neste cenário, indivíduos bem capacitados e fáceis de encontrar poderão muito bem ser disputados entre diferentes países e indústrias – e talvez nem precisem sair de seus países de origem para trabalhar.

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O futuro do trabalho

Em 2016, o Fórum Econômico Mundial lançou um relatório intitulado “Future Workforce Strategy“, que trazia insights detalhados sobre os desafios e possíveis soluções para a força de trabalho do futuro.

Embora ele seja majoritariamente voltado para empresas, traz informações úteis para qualquer pessoa que queira investir em sua carreira futura. Particularmente interessante são os focos de longo prazo, que incluem a necessidade de repensar os sistemas educacionais para criar o currículo escolar do século 21, tornar o aprendizado contínuo mais inclusivo e incentivar a colaboração entre indústrias e setores público e privado para potencializar as novas estratégias.

Os autores do relatório também escrevem que “apenas reformular os atuais sistemas educativos para equipar os estudantes de hoje com as habilidades exigidas no futuro – uma tarefa que já é importante e difícil – não será suficiente para mantê-los competitivos”. Para tanto, será absolutamente essencial incentivar o aprendizado contínuo.

Como aprender mais e melhor, segundo a professora Barbara Oakley

“Um novo acordo pelo aprendizado contínuo é necessário globalmente para providenciar os sistemas inclusivos e dinâmicos que resolverão tanto o desafio imediato [de encontrar profissionais capacitados] quanto criar modelos sustentáveis para o futuro”, continuam.

Mais do que isso: esse novo modelo de trabalho – em que indivíduos se aprimoram e aprendem constantemente, exploram novos temas e expandem horizontes profissionais, em que empresas são mais abertas a novos talentos e novos jeitos de trabalhar – tem o potencial de criar carreiras mais gratificantes e aumentar a coesão e a igualdade social.

Na prática, os passos são simples. Se você tem uma curiosidade, estude-a. Se você tem uma lacuna, preencha-a. Acima de tudo, aproveite esta oportunidade de mergulhar nos assuntos que lhe interessam e tornar-se o melhor profissional possível.

Não importa onde você está, que horas são ou no que você se formou há dez anos. Para o mercado de trabalho do futuro, importa o que você sabe fazer – e o que está prestes a dominar.

 

Esta matéria foi originalmente publicada no blog da Udacity, parceira do Na Prática. 

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